VIDA ANTES DA VIDA OU DEPOIS DA MORTE?

O MANTO DE CARNE!

A vida é um rio infinito, não existe a morte, que seria a negação da vida, pois a dualidade só aparece no mundo da matéria. O éter, o espírito, o self, a verdadeira vontade, a essência, ou qualquer nome que se lhe possa dar, não importa, está livre antes de encarnar e depois de desencarnar, bem como no estado de sonho profundo, que é igual à morte.

 Os cinco sentidos físicos são as portas da matéria: visão, paladar, olfato, audição e tato. Quando se dorme profundamente, ou está morto, estas portas se fecham e resta apenas a essência pura. No estado de sonho, quase vigília, um ou mais de um sentido intervém no sono, o que leva a pessoa a ter sonhos correlacionados com o que acontece à sua volta. Por exemplo, se você sonha que está em Portugal, entrando numa taverna e bebendo vinho verde, é bem provável que adormeceu com o rádio ligado e esteja tocando um fado. Se você comeu uma feijoada e sonha que um monstro está devorando o seu estômago, é bem capaz de estar tendo uma baita dor de barriga, e quase acordando.

 Já no sono profundo, pode-se fazer uma viagem astral, ter um sonho místico ou uma expressão da verdadeira vontade. Na viagem astral, você está consciente e vai para lugares que o self tem vontade de ir; no sonho místico, há uma mensagem espiritual que precisa ser analisada através de signos lingüísticos (jogue fora todos os manuais de interpretação de sonhos que conhece!!!), que se aprende na literatura, ou seja, cada símbolo se reúne com outro e seus significados podem trazer iluminação ao cotidiano; e quando vai para lugares que o self tem vontade de ir, na realidade está fazendo um ritual para expressar os seus desejos mais profundos, que, muitas vezes, no cotidiano, o homem não pode realizar. Em qualquer uma dessas situações, é a essência pura da sua natureza se manifestando, que não se relaciona com o bem e o mal, pois este ficou no campo da matéria, essa dicotomia não existe mais, é só consciência pura, sem perturbações mentais, a expressão do ser é agora livre.

 Você está viajando de navio, é um mergulhador, tem que ir até as profundezas do oceano. O que faz? Coloca um escafandro, é claro, pois não sobreviveria sem a roupa adequado naquele meio ambiente. Se você precisa viajar até a lua, uma roupa espacial ficaria bem, mas você não é a roupa. O mesmo ocorre com a vida. Se você está no Éter e quer vir à Terra, precisa de um manto de carne, uma espécie de escafandro, que servirá à sua viagem até aqui. A gestação nada mais é do que a confecção da sua roupa, do seu equipamento, do seu escafandro. É óbvio que você não usa esta roupa interminavelmente, você precisa de ar puro, fazer suas necessidades etc.

Para isto existe o sono, que permite a você se reconectar à sua fonte verdadeira, para descansar, satisfazer o seu self, alimentar-se dos arquétipos necessários à iluminação do seu cotidiano na Terra.

 Através do nascimento, a pessoa começa a sofrer uma dura influência do meio e rapidamente esquece as suas origens. Infelizmente, nada há que possa incentivar a sua lembrança, uma vez que passa muito tempo como bebê, ao contrário dos outros animais.

 Antes de nascer, há um ponto (ou um portal, se preferir) em que esta essência pura entra no limiar ou umbral de uma dada dimensão. Através dela, chega-se, por exemplo, ao mundo físico em que conhecemos, como poder-se-ia chegar a uma outra dimensão totalmente desconhecida para nós, da qual não podemos ter nenhuma idéia (uma das causas seria a limitação tridimensional que habitamos, sem possibilidade de antever um plano de quatro dimensões; outra seria um tipo de mundo baseado em outros fatores que não sejam o binômio tempo-espaço; há possibilidades que não temos sequer meios de prever, dadas as nossas limitações).

Acredito que alguns dos nossos sonhos mais "loucos" sejam uma pista para uma outra dimensão, talvez até mesmo lembrança, pois não existe limitação alguma na essência pura, nem mesmo a do já citado binômio tempo-espaço. A vida física seria então um sonho congelado, na pior expressão (e não menos verdadeira) do termo. Se refletir com calma, verá que tudo não passa de sonhos, mas não confunda sonho com ilusão. A vida é toda repleta de sonhos e ilusões, o funil que filtra um do outro traz toda a verdade.

 Quem não sonha à noite (muitos pensam que não sonham, apenas não se lembram), ficando acordado vários dias, acaba por ficar louco (começa a ter visões) ou morrer, já que a essência pura sempre reclama um retorno periódico a ela. Seria a cruz corretamente interpretada como a união da essência pura com o mundo material, uma espécie de porta de mão dupla, pois também passa a ser uma chave de meditação, que estaria ao par do sono profundo e da morte, em direção à essência pura. Por fim, a vida é uma barragem no rio da essência pura, o que não significa que o rio deixe de correr.

Se você leva a sério os seus sonhos, anota eles, quando acorda de madrugada, para depois relembrá-los com mais clareza, certamente já possui um insight dos mesmos. Passa a ser fácil o controle da própria viagem astral, através do sono. Você se sintoniza cada vez mais com a sua essência pura e os ensinamentos da sua natureza passam a fluir em sua direção. Nada na vida é fútil, por que os sonhos seriam? Na verdade, eles são a resposta, a chave de tudo o que acontece, infelizmente o homem nunca lhe deu o seu merecido valor.

 Quando a pessoa morre não parte rumo ao Céu ou ao Inferno, ela simplesmente se despe definitivamente, não apenas quando dorme (nos dois sentidos). Daí certamente é um retorno, e não uma ida. Na verdade, há vida antes da vida, e não depois da morte. Na realidade, há sempre vida, e nunca morte, pois o corpo físico não passa de um manto de carne!

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